sexta-feira, 25 de março de 2011

[Dalylla] "mesmo que você tenha que partir, o amor não há de ir embora"

(exatamente um mês para conseguir fazer esse post)
Não acredito em anjos daqueles com asas, aureola, cabelos cacheados e boas intenções. Mas acredito em anjos. E um dos meus foi convocado a acumular a função de anjo com a de estrela maior e mais bonita do céu.

Aos 11 anos, eu decidi: mãe quero um cachorro... não, cachorro não... uma cachorra! E então a negativa, morávamos em apartamento, blablabla e mimimi. Para compensar, minha avó me deu um passarinho, o Tobby. Convenhamos que há uma enorme diferença e obviamente não me dei por satisfeita. Pouco depois Wig (cachorra de meus primos, na época) engravidou e convenci: se nascer alguma fêmea é minha! Nasceram duas fêmeas e três machos no dia 04 de maio de 2000. Que presente de aniversário de 12 anos (com um mês de atraso, é verdade, mas nem liguei).
Os filhotes ganharam nomes temporários... e ela era a Samanthinha. Levamos um tempo para convencê-la de que a bruxinha da história era apenas eu. Fui conhecê-la um mês depois e me apaixonei por aquela vira-latinha encantadora que pulava o cercado à noite para passear pelo quintal e enlouquecer Wig, que já não conseguia mais trazê-la na boca. Mas também me apaixonei pela outra fêmea, a menorzinha da ninhada, que precisava de ajuda para conseguir mamar.
No dia seguinte, minha avó faleceu. Com a pouca idade, fiquei confusa... mas sabia que uma coisa era certo: não a teria mais comigo, ao menos não fisicamente.
A então Samanthinha desmamou antes, e por ser a maior (o que foi até bom pra Wig que já estava levando mordidas) e foi para casa. Chegou no dia 26 de junho, e apesar de mal saber andar, logo aprendeu a trazer seu potinho de comida na boca cada vez que queria comer... espalhando a comida pela casa, claro.
No inicio, batia a cara no sofá cada vez que tentava subir sozinha e corria com a ponta do papel higiênico pela casa, dando nós nos móveis. Depois foi pegando a manha... aprendeu a subir na mesa e comer balas da bomboniere quando ficava sozinha, descobriu que era divertido fazer xixi sem ninguém ver no quarto de empregada que não usavamos e no seu primeiro Natal, comeu tantas nozes escondida (quebrava a casca com os dentes e as deixava no sofá) que achamos que teria indigestão.
Certa vez comeu um bolo que estava esfriando na mesa. Nem assim passou mal.
Ficou serelepe quando roubamos Princesa, a irmãzinha menor, era uma companhia que ela adorava atormentar e buzinar na orelha com seus brinquedos barulhentos.
Não conheço uma só pessoa que goste de cães e que não tenha se encantado com sua doçura. Apesar de seus 18kg, era uma criança sem noção de seu tamanho. Pedia colo e se espalhava na cama se achando uma pinscher.
Tinha suas manias, e com o passar dos anos, foram ficando mais evidentes. Só vinha dormir comigo de madrugada... lá pelas 3h ou 4h... todos os dias, até então ficava na cama da mãe, por exemplo.
Na clínica veterinária, conquistou a todos com sua cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. Em suas internações, tomava injeção lambendo quem aplicava. Sem igual.
Em 2007 o primeiro susto e após alguns dias de desespero, o diagnóstico: diabetes. Quase entrou em coma. Aprendemos a deixar um pote de mel sempre em casa, para quando sua glicemia baixasse muito e ela aprendeu que quando sua glicemia baixava muito, devia ir na porta do armário da cozinha pedir o que lhe era de direito.Tomava insulina duas vezes ao dia sem dar um latido, na maioria das vezes enquanto comia, nem ligava. Uma vez fui atender o telefone antes de aplicar e quando voltei ela estava na frente da geladeira, esperando.
Ia reclamar pra mãe a cada vez que a irmã chata aqui lhe roubava um brinquedo. Pegar seu lugar na cama era inaceitável e fotos eram uma farra... adorava. Papés na cama ou no sofá? Nem ligava, deitava sobre todos (depois de sapatear neles, claro). Apaixonada por botóes... não podia ver um controle remoto ou um celular que já ia deitando e apertando os botóes, sempre mudava de canal nas horas mais interessantes. Certa vez ligou para o último número discado, minha prima atendeu e se desesperou quando viu o celular de minha mãe e que ninguém respondia (família dramática), já Dalylla, ao ouvir vozes no celular sob suas patas, saiu de fininho como se nada fosse. Tantas outras paixões... mastigar cubos de gelo, frutas (toda e qualquer, mas sobretudo kiwi), passear de carro sempre na janela, minhas pelúcias (que acabavam se tornando dela) e tudo mais que ela decidisse que queria ou gostava.
Um mês após a morte da Wig, uma infecção urinária que não curava e então a descoberta do tumor maligno na bexiga. Quimioterapia, tratamentos, medicação, etc, etc... um ano e meio bem, vide aqui.
Em fevereiro tudo foi saindo de controle, o cancer espalhando, anemia profunda, duas transfusões de sangue, medula que não respondia... e o inevitável.

Dalylla é o nome desse anjo. Um anjo que esteve presente (e estará sempre, eu sei) em todos os bons e maus momentos, um anjo que não ligava se ia comer ração ou carne, se as contas estavam pagas ou não, se não morava em um palácio ou se suas roupinhas não eram de marca. Um anjo único e que nunca existirá outro sequer parecido.

4 comentários:

Unknown disse...

Apesar de não ter todas as lágrimas dos momentos angustiantes de quando tudo aconteceu, você conseguiu fazer a mais pura declaração de amor que já vi.

Impossível não conter as lágrimas do outro lado da tela e não reclamar pela distância que me impede de agora correr e te abraçar muito.

Sá, tenho certeza que Dalylla é grata por toda alegria, dedicação e amor proporcionado por você e sua mãe nesse tempo que ela passou ao lado de vocês.

Hoje ela é mais um anjo que acompanha São Chiquinho para proteger tantos outros bichinhos que precisam de pessoas assim, boas iguais a você!

Obrigada por ter me dado a oportunidade de conhecer, carregar, brincar, apertar e beijar muito esse anjo.

Dalylla me conquistou em um encontro. Guardo ela aqui ó, no coração.

Amo você!
Beijocas

Paty disse...

Faco das palavras da Fabiana as minhas pq eu nao falaria melhor. LINDO!O seu post e o comentario dela!

Regiane Jodas disse...

assino embaixo o que a Fabi disse, acho que é isso Sá. Amo vc, viu? Fique bem.

Regiane Jodas disse...

assino embaixo o que a Fabi disse, acho que é isso Sá. Amo vc, viu? Fique bem.