sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Nostalgia momentânea

Fui uma criança mimada e nunca escondi isso. Porém, muito feliz. Pudera, com mãe e avó disponíveis para fazer as minhas mais bobas vontades, impossível ser diferente. Mas não mimada daquelas crianças chatinhas e histéricas que gritam quando querem as coisas ou fazem manha em público. Costumava pentelhar em casa até ouvir "tá bom, tá bom". Fato que depois que entrei na idade dos dois dígitos, isso nem sempre dava certo.
Certa vez, com uns 3 ou 4 anos, quis porque quis o boneco do Baby (Família Dinossauro), bem caro na época, era maior do que eu e falava "não é a mamãe" quando puxada uma cordinha próxima do rabo. Lembro perfeitamente de minha mãe chegando com aquela caixa gigantesca e eu pulando para receber... a caixa, claro. Lembro também de todas as pessoas próximas reclamando de não aguentarem mais ouvir a voz do dinossauro.
Aprontava todas em casa, no nível de quase causar um incêndio certa vez. Mas parava o que estava fazendo se minha mãe olhasse séria, com um ar de poucos amigos. Respeito. Nunca apanhei. Mas ficava de castigo, o que doía (para mim) muito mais. Ficar sem video-game (Mega-Drive e depois Super Nintendo, há!), por exemplo, era o fim do mundo pra mim. Minha mãe realmente sabia me convencer a nunca mais fazer determinada coisa.

Saudade da época de vacas gordas (e também da era FHC nos anos 90) em que eu pedia uma bicicleta Caloy da Barbie com cestinha e carona e eu tinha, pedia um jogo qualquer e ganhava dois ou três, pedia uma fita de video-game e ganhava várias. Saudade do meu quarto cheio de brinquedos, inclusive da minha cama exclusiva de bichos de pelúcia. Saudade também de cada um desses bichos de pelúcia, até porque cada um tinha uma história diferente e após umas duas ou três mudanças de endereço, somente os preferidos continuam (alguns, amassados dentro do guardarroupas, admito). Saudade até das bonecas, que eu nem via tanta graça assim... uma tinha sarampo e se curava, a outra fazia xixi na fralda, a outra engatinhava, a outra era simplesmente um bebê, outras que choravam ou falavam, outras que faziam parte da coleção (completa, há!) bebeziho, meu bebê e bebezão, outras que não faziam nada, as de pano, até as Barbies que eu não gostava, e minha preferida, a Amiguinha. E as Fofoletes.
Saudade de quando minha única preocupação era não sair atrasada da escola para não perder nenhum minuto da programação da Cultura ou acordar em um horário que desse tempo de jogar video-game e assistir Chapolin & Chaves.
De quando eu levava o Juca, um urso de pelúcia, para tudo quanto é canto, e em viagens, ele ocupava um lugar como se fosse alguém (ora, para mim era). Carência de um cão faz isso com a criança. Aos 12 anos, Dalylla chegou e mudou tudo.
Saudade de quando eu morava no 6º andar e subir todas essas escadas não significava a morte. Só não saudade de morar em prédio.
Ou de quando ganhei a promoção de uma rádio e conquistei um ovo de Páscoa de 5 quilos da Kopenhagen. Ah, muita saudade daquele chocolate todo. Muita saudade. Mesmo. Salivando de saudade.
E de quando cismei que ia ter uma horta no terraço do apartamento. E tive! Não era uma horta que se pudesse dizer "nossa, que horta", mas era uma "horta" de apartamento. Plantei cenouras, que nasceram, mas nessa época Dalylla era uma filhotinha muito rápida e achava as cenouras maduras antes de mim (e sim, as puxava da terra e eu só via quando já estava no fim da cenoura).
Enfim, nostalgia momentânea...